sexta-feira, 13 de maio de 2011

O valor do professor

Anteontem uma grande amiga, professora, postou seu descontentamento com sua profissão e com o descaso de políticos e também das pessoas, das famílias que cada vez mais falham na educação de seus filhos.


Sempre acreditei que ser professor é um grande motivo de orgulho. Tive grandes professores dos quais nunca me esqueço e nem me esquecerei, certamente. Lembro bem que um professor de português, no ensino fundamental, passou "faroeste caboclo", da Legião Urbana, para ouvirmos e interpretarmos e a partir daí o rock sempre fez parte de minha vida. Outro professor, de literatura e língua portuguesa, dizia que nossa turma, já no ensino médio, era uma "turma de cinema" e, dentro das possibilidades, suas aulas eram pouco "ortodoxas" hehe sempre trazendo situações novas. Lembrava até Sociedade dos Poetas Mortos, meu filme preferido e que também retrata a relação professor-alunos. Os professores de curso técnico, de minha formação superior também guardo com boas recordações.

Porém, talvez seja ilusão, romantismo, demagogia, acreditar que em nosso país a educação tem o "tratamento" que merece. Na minha época era de conhecimento de todos que os professores já enfrentavam a má gestão pública - salários atrasados (muito comum na época) e baixos, desvios dos recursos, improbidade administrativa etc. Hoje, uma das grandes dificuldades é a falha que existe na educação familiar. Talvez por reflexo das mudanças de valores, cultura, rotinas mesmo, as famílias cada vez mais estão mais frágeis, vulneráveis e os filhos tornam-se crianças mal-educadas, mimadas etc. Há pouco tempo surgiu um caso de uma família em que os pais (se não me engano, políticos e/ou de grande "influência") incentivaram a sua filha a brigar com uma colega de classe. 

Por coincidência (ou não?) a educação está em evidência esta semana. O Jornal Nacional está veículando matérias especiais sobre a educação [http://g1.globo.com/platb/jnespecial] e ontem o tema foi o papel dos professores. Segundo o depoimento de uma professora, "educar é uma missão mais ampla do que simplesmente ensinar e é um trabalho que dá melhores resultados quando há uma parceria com a família". Hoje, ainda, recebi um e-mail sobre um projeto de lei do senador Cristovam Buarque. A princípio achei que fosse spam, propaganda eleitoral "eletrônica"... afinal, é sabido que o Cristovam sempre deu especial atenção à educação. No entanto, pode-se comprovar que o projeto é verídico [http://www.senado.gov.br/atividade/Materia/detalhes.asp?p_cod_mate=82166] e está tramitando, desde 2007, é verdade... mas está! O projeto é audacioso e interessante já que propõe que os filhos e demais dependentes de políticos eleitos para os Poderes Executivo e Legislativo federais, estaduais e municipais e do DF sejam obrigados a estudar em escolas públicas.

Talvez seja mais utópico ainda acreditar que esse projeto torne-se uma realidade e que a educação tenha uma melhor gestão e reconhecimento. No Japão, ser chamando de professor é enaltecer a pessoa. Gostaria muito de um dia ser professor... mas acredito não ter talento para isso e não tenho muita didática. Certa vez um ex-colega de serviço me convidou para dar aulas de administração numa escola técnica municipal. Hoje tenho me reciclado mais sobre teorias e talvez pense melhor numa nova oportunidade... gostaria de tentar ter esse papel que um dia já me fez mudar muito, como aluno.